Tenha disciplina para não recorrer sempre ao empréstimo

No cenário atual brasileiro, o endividamento familiar atinge níveis nunca vistos, pressionando o orçamento de milhões de pessoas. Para muitos, a solução imediata parece ser o empréstimo, mas essa prática recorrente pode agravar ainda mais a situação financeira.
Este artigo traz dados atualizados, analisa as causas e riscos do uso frequente do crédito e oferece práticas de disciplina financeira que permitem evitar o ciclo vicioso de dívidas.
Cenário Atual do Endividamento no Brasil
Segundo dados de abril de 2025, 77,6% das famílias estavam endividadas, um ligeiro aumento frente aos 76,7% registrados em dezembro de 2024. O crescimento é sentido em todas as faixas de renda, mas destaca-se entre quem ganha de cinco a dez salários mínimos.
A inadimplência também avança: em abril, 29,1% das famílias possuíam dívidas em atraso, e 12,4% afirmaram não ter condições de pagar esses débitos. Além disso, o Serasa apontou que 73,1 milhões de brasileiros estavam com o nome negativado em outubro de 2024.
Causas e Influências que Levam ao Empréstimo
O panorama econômico, marcado por flutuações no PIB e alta da dívida pública — que chegou a 76,1% do PIB em maio de 2025 — repercute diretamente nas taxas de juros. Atualmente, o custo do crédito está em patamar elevado, desencorajando quem precisa tomar empréstimos.
Programas governamentais de assistência, como o Desenrola Brasil, oferecem alívio momentâneo, mas não geram mudança estrutural. Assim que os benefícios acabam, as famílias voltam ao endividamento, muitas vezes com obrigações mais onerosas.
Riscos do Uso Frequente do Crédito
Recorrer constantemente a empréstimos expõe o consumidor a diversos perigos. As projeções indicam que o endividamento e a inadimplência continuarão crescendo em 2025.
Entre os principais riscos, destacam-se:
- Efeito bola de neve: juros altos transformam dívidas pequenas em débitos impagáveis.
- Comprometimento de renda excessivo, reduzindo a capacidade de consumo.
- Perda de flexibilidade financeira para emergências verdadeiras.
Práticas de Disciplina Financeira
Desenvolver disciplina financeira é um processo gradual que começa com o autoconhecimento e a organização. Manter um controle rigoroso do orçamento mensal e definir prioridades de gastos são medidas fundamentais.
Uma reserva de emergência bem estruturada impede que você precise recorrer ao crédito diante de imprevistos, seja uma despesa médica ou a manutenção de um veículo.
Estratégias e Dicas Práticas
A seguir, apresentamos ações concretas para evitar a armadilha dos empréstimos recorrentes:
- Análise detalhada do orçamento mensal: registre todas as receitas e despesas, classificando-as por necessidade.
- Controle e registro dos gastos: utilize aplicativos ou planilhas para acompanhar cada compra e identificar desperdícios.
- Negociação de dívidas: ao enfrentar um débito, busque melhores taxas junto ao credor antes de recorrer a um novo empréstimo.
- Substituição de crédito: explore cortes de gastos, redução de assinaturas e até pequenas fontes adicionais de renda.
Diferença entre Dívidas Saudáveis e Perigosas
Nem toda dívida é igual. É essencial distinguir:
- Dívidas saudáveis: financiamento de imóvel, crédito estudantil ou empréstimos com garantia de baixo custo.
- Dívidas perigosas: crédito rotativo do cartão, cheque especial e empréstimos pessoais com juros elevados.
Importância da Educação Financeira
Incorporar hábitos de educação financeira desde cedo reduz significativamente a probabilidade de cair em empréstimos desnecessários. Escolas, instituições financeiras e o próprio governo devem investir em programas que ensinem orçamento familiar, negociação de dívidas e uso racional do crédito.
Ao compartilhar conhecimento, fortalecemos a autonomia do consumidor e contribuímos para a estabilidade econômica do país.
Conclusão
Em um momento em que mais de três quartos das famílias brasileiras enfrentam dívidas, a disciplina financeira não é apenas uma recomendação — é uma necessidade urgente. Evitar o empréstimo recorrente exige planejamento, controle e conhecimento.
Com as práticas apresentadas, você pode construir uma trajetória financeira mais segura e sustentável, evitar o ciclo vicioso das dívidas e retomar o poder sobre seu futuro econômico.