Priorize quitar dívidas caras antes de assumir novas

Vivemos em um dos momentos mais desafiadores da história econômica recente no Brasil. Com a taxa Selic em 14,75% ao ano e a inflação acumulada em 5,53% nos últimos 12 meses, o comprometimento da renda familiar atingiu seu ápice: 27,2% da renda mensal está reservada para dívidas. Neste cenário, priorizar o pagamento das dívidas de juros mais altos antes de assumir novos compromissos torna-se uma questão de sobrevivência financeira.
O volume total de endividamento do país atingiu R$ 438 bilhões, com valor médio de R$ 1.588 por pessoa. Além disso, quase metade da população está inadimplente, e o número de famílias endividadas subiu para 77,6% em abril de 2025. Empreendedores também enfrentam o recorde de 7 milhões de CNPJs negativados, com passivo médio de R$ 156,1 bilhões. Diante desse quadro, entender a importância de quitar as dívidas mais caras é o primeiro passo para retomar o controle das finanças e garantir um futuro mais próspero.
Entendendo o peso das dívidas de juros altos
Nem todas as dívidas têm o mesmo impacto no bolso do consumidor. As modalidades com as taxas de juros mais elevadas – como cartão de crédito rotativo e cheque especial – podem ultrapassar 300% a 400% ao ano. Esse valor exorbitante faz com que o saldo devedor dobre em poucos meses se apenas o valor mínimo for pago.
Quando deixamos de priorizar essas dívidas e continuamos contraindo novos empréstimos, criamos um ciclo vicioso de endividamento: o consumidor recorre a fontes emergenciais para quitar parcelas atrasadas, mas acaba pagando juros ainda maiores, comprometendo ainda mais a renda.
Por que quitar dívidas caras antes de assumir novos compromissos
Economistas e educadores financeiros concordam: alívio financeiro mais efetivo é alcançado ao direcionar recursos para as dívidas de maiores custos. Isso reduz rapidamente o montante total devido e libera espaço no orçamento, permitindo o planejamento de metas de médio e longo prazo.
Ao priorizar essas dívidas:
- Reduz-se o custo total, pois menos juros incidem sobre o saldo devedor.
- Aumenta-se o score de crédito, melhorando o acesso a linhas com juros menores.
- Ganha-se saúde financeira emocional, pois menos preocupações com cobranças e multas.
Estratégias para sair do ciclo de juros altos
Uma abordagem sistemática faz toda a diferença:
- Liste todas as dívidas, com valor, prazo e taxa de juros de cada uma.
- Priorize o pagamento da dívida mais cara (cartão rotativo ou cheque especial).
- Evite assumir novas dívidas enquanto as antigas não estiverem quitadas.
- Renegocie com bancos, buscando linhas de crédito mais baratas e prazos estendidos.
- Considere venda de ativos ou cortes de gastos para acelerar a quitação.
Essas ações, em conjunto, proporcionam uma redução significativa do comprometimento de renda em poucos meses, abrindo caminho para reservas de emergência e investimentos futuros.
Consequências de não priorizar dívidas caras
Ignorar dívidas de juros altos pode gerar graves impactos:
- Multas e tarifas volumosas, que corroem rapidamente qualquer pagamento extra.
- Restrição de crédito, dificultando negociações futuras e compras essenciais.
- Desgaste emocional, com ansiedade e noites mal dormidas devido às pendências financeiras.
Além disso, a inadimplência estendida leva a um custo social: diminuição do consumo e fragilidade de pequenas empresas, especialmente nas regiões com maior índice de CNPJs negativados, como o Maranhão, onde 43% das companhias enfrentam restrições.
Educação financeira: diferenciando dívida boa de dívida ruim
Para manter as finanças saudáveis, é essencial compreender a diferença entre os tipos de dívidas:
- Dívida boa: aquela contraída para gerar retorno, como financiamento estudantil ou imóvel.
- Dívida ruim: empréstimos de consumo com juros elevados e sem retorno direto.
Ao identificar cada compromisso, o consumidor pode ajustar gastos, priorizar pagamentos e adotar hábitos financeiros mais sustentáveis.
Casos reais de sucesso
Maria, microempreendedora de Recife, acumulava R$ 25 mil em juros de cartão de crédito rotativo. Ao seguir a estratégia de quitação por ordem de juros, renegociou 70% do valor com o banco e zerou o saldo em 18 meses.
João, analista de sistemas em São Paulo, cortou gastos supérfluos e dedicou 30% do salário extra para quitar o cheque especial. Em um ano, não só liquidou a dívida como conseguiu abrir uma pequena reserva de R$ 10 mil.
Considerações finais
O contexto macroeconômico de 2025 impõe desafios, mas também ensina lições valiosas. Com inflação elevada e juros em patamares recordes, priorizar dívidas caras antes de assumir novos compromissos é a estratégia mais eficaz para reconquistar a estabilidade financeira.
Ao adotar hábitos conscientes, renegociar com responsabilidade e focar no pagamento das dívidas de maior custo, você não apenas reduz o peso dos juros, mas também constrói um alicerce sólido para sonhos e objetivos futuros.
Comece hoje: mapeie suas dívidas, trace um plano e comemore cada etapa vencida rumo à liberdade financeira.